domingo, 24 de abril de 2011

As caixas que andam


Imagine observar o mundo lá de cima como se fossemos curiosos alienígenas, admirados com o modo de vida e as invenções humanas.

Certamente nos chamaria atenção a quantidade de caixas pequenas, médias e grandes que circulam por nosso planeta. Incríveis objetos que, lá de cima, parecem quadrados e retângulos que se movem.

Qual não seria nossa surpresa ao chegar aqui. Olhando mais de perto veríamos que essas formas andam sobre rodas e levam as pessoas por toda parte. Um ótima invenção! Afinal, essas caixas servem para nos ajudar a ir mais longe em menos tempo - sem nos cansarmos tanto quanto se tivéssemos que andar ou correr. Genial!!!

Mas então porque é que quem anda nas caixas pequenas - e olha que é a maioria - está sempre tão irritado? Por que buzinam sem parar e cruzam uns na frente dos outros como se estivessem concorrendo ao grande prêmio de fórmula 1?

Não demoraria e enxergaríamos as "maluquices e coisas sem sentido" desse "sistema de locomoção". Notaríamos que nas caixas pequenas há quase sempre somente uma pessoa (normalmente bem irritada e apressada) bem confortável lá dentro, já nas caixas maiores muita gente, e gente até pendurada. Tudo muito esquisito.

E nem precisaria ser de outro mundo para notar, se bem que eu aqui, que me sinto um pouco alienígena, recém-chegado ao planeta, ainda tento entender o porquê de certas coisas...

Às vezes é bom olhar a vida de fora, como se fossemos de outro mundo, deitar no chão e procurar um novo ângulo, um ponto de vista diferente.

Minha mãe disse uma palavra difícil para explicar porque as pessoas deixam esse tipo de coisa acontecer, disse que quando o ser humano se acostuma com algo que é ruim isso se chama psicoadaptação. Eu por enquanto acho que precisamos pensar em novas soluções... e é urgente!

Para refletir: sugiro a leitura do livro (que acabei de ler) As caixas que andam, de Jandira Masur, com ilustrações de Zeflávio Teixeira, publicado pela Editora Ática.

Um comentário:

  1. é interessante ver nossa sociedade por esse ponto de vista, vendo de cima. Pois assim percebemos que realmente são APENAS caixas que servem APENAS para nos locomover mais rápido, mas que não dependemos totalmente delas para nos locomover, APENAS para acelerar o processo e encurtar a distância.. e é interessante percebermos como nossa vida é feita de vários APENAS, como esses APENAS servem de desculpas para fazermos várias coisas (na maioria das vezes coisas horriveis). Deveriamos nos lembrar que objetos são APENAS objetos, e que dinheiro serve APENAS para comprar objetos. dinheiro e objetos não compram vidas e nem felicidade APENAS criam uma curta e falsa alegria

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